Glicéria Tupinambá ministrando aula na disciplina "Políticas da Terra" em 2018
Em um encontro muito bonito que se deu no curso Políticas da Terra, em 2018, diante de um auditório predominante feminino, tomado pelas alunas da disciplina e do Programa de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (FIEI),
Glicéria Tupinambá disse que ela imaginava – antes de conhecer a universidade – que o pensamento dos professores “era como o vento, ele podia ir de um lugar a outro quando quisesse”.
Mas logo ela descobriu que os professores universitários permaneciam aprisionados em seus modos de pensar.
Em contraposição – ela enfatizou – as mulheres tupinambá, com seus “corpos pensantes”, afirmam, com liberdade e autonomia, a luta de seu povo e de sua maneira de viver.
A presença das mestras e mestres das culturas indígenas, afro-brasileiras e populares
vem diversificar, ampliar e criar novas formas de conhecimento em nossas universidades, predominantemente orientadas (colonizadas, seria melhor dizer) por matrizes eurocêntricas e mono-epistêmicas.
Essa é uma maneira de prosseguir com o
gesto descolonizador inaugurado pela política de cotas étnicas e raciais na graduação e na pós-graduação,
pois a presença de estudantes negros e indígenas no espaço acadêmico veio torná-lo mais democrático e um pouco mais aberto à diversidade dos saberes e dos modos de vida dos múltiplos povos que constituem nosso país. Seria preciso avançar ainda mais, com uma efetiva e ampliada política de cotas também para a docência.
Para prosseguir, no meio acadêmico, com as
lutas antirrascistas e descolonizadoras,
indicamos duas referências:
1) O texto de Nilma Lino Gomes, professora da FAE-UMFG, que foi Ministra das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos no governo de Dilma Rousseff:
“Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão” |