Boletim
Saberes Tradicionais UFMG #03

Em apoio às Comunidades Tradicionais em meio à Pandemia

Conhecimentos de Luta
e de Cura

Por conta da omissão do Estado e do contínuo ataque aos direitos pelo atual governo, algumas comunidades tradicionais estão em situação muito vulnerável à pandemia do Covid-19. Ao mesmo tempo, elas se mostram as mais preparadas para enfrentar coletivamente a pandemia, aliando as prescrições da saúde a saberes baseados na prática cotidiana e na ancestralidade.

Em nosso boletim semanal, buscamos reunir e divulgar as campanhas em apoio às comunidades e, ao mesmo tempo, circular, por meio do depoimento de mestres e mestras de comunidades indígenas, quilombolas e dos terreiros de axé, as soluções concretas – materiais e espirituais – que criam nos territórios onde vivem.

#Rede de Proteção
A mensagem das mestras e mestres
dos Saberes Tradicionais
para lidar com a pandemia

#1. Canto em saudação à Nação de Angola

Mãe Ilza Mukalê

Diariamente, Mãe Ilza Mukalê, do terreiro de candomblé angola Matamba Tombenci Neto, em Ilhéus (BA), vem gravando vídeos para homenagear e pedir proteção aos Nkissis, aos caboclos e caboclas.

Marinho Santos (Tata Luandenkossi) tem postado essa série de vídeos em sua página no Facebook. Marinho esteve entre nós, junto com o antropólogo Marcio Goldman, no VII Colóquio Cinema, Estética e Política, no Seminário Ebó Ejé – Cinema Brasileiro e Afro-Religiões, promovido junto ao forumdoc.bh.

#2. Mensagem da Mestra

Makota Kidoiale

“Percebemos o descaso e falta de apoio do governo com as comunidades tradicionais. Estamos sempre muito próximos – como fazer isso nos protegendo – para nós não é muito difícil. O difícil mesmo está sendo o que se tornou nosso modo de ser, que é o alimento industrializado, porque não estamos mais perto das áreas de plantio. Está sendo uma lição. Buscar o modelo mais próprio, tradicional de sobreviver. Tenho conversado muito com as famílias, sobre o quanto precisamos voltar às nossas origens. O cuidado de se banhar. Temos comido muito alho, estamos fazendo conservas. Temos buscado alimentos naturais. O que nossos mais velhos já faziam e sempre nos orientaram a fazer.

Nossa dificuldade é que a comunicação está pensada para um público distante. Nossos jovens entendem que a contaminação também é para um público distante. As casas aqui permitem que sobre apenas 60 centímetros para as pessoas circularem. Há a necessidade das crianças brincarem na rua. Elas vão com bicos para a rua. Temos recebido materiais que mostram o vírus andando de avião. Nossas crianças não andam de avião. Eles ainda estão achando que o vírus pega em branco e mais velho. Temos tido muita gente pedindo comida nos nossos terreiros. Não temos o hábito de não receber. Mas não sabemos como fazer esse acolhimento sem nos colocar em risco. 

Há muito tempo nós vínhamos falando sobre isso. Que o mundo estava adoecendo e estava adoecendo a terra. E agora tudo que está acontecendo é consequência dos nossos atos. Não temos como desviar a culpa. A própria academia já estava percebendo isso, por isso buscou os saberes tradicionais para dialogarem com os saberes científicos.”

[Trecho de depoimento de Cássia Cristina da Silva (Makota Kidoiale, do Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango, em Belo Horizonte, MG), em conversa virtual organizada pela UFSB, no dia 1º de abril.]

A Makota Kidoiale nos enviou o recado de seu neto,

Luan Sales, em casa, no Kilombo Manzo.

Site do Kilombo Manzo

#Rede de Notícias
Informações relacionadas às comunidades
tradicionais em quarentena

#1. Memórias de Cozinha:
Mulheres e receitas insurgentes

Nascido de um grupo de mulheres da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro, o livro Memórias de Cozinha: mulheres e receitas insurgentes, lançado em parceria com o Instituto Pacs e a Fundação Rosa Luxemburgo, traz receitas baseadas na agroecologia e na segurança alimentar: Juju e a compota de banana, Rosi e a quiche de aipim com PANCS, Nete e o macarrão de aipim, Nilda e o pão de aipim, Rosângela e a coxinha de inhame, Fátima e o cozido, o xarope de Cida e a ginecologia natural de Fernanda. 

Acesse o livro online

#2. Debate ao vivo
Diálogo com os povos

Representantes dos vários coletivos e movimentos sociais que compõem a Teia dos Povos participam de debates ao vivo, no canal Diálogo com os povos.

Ali, se discute a conjuntura brasileira atual, a partir da fala de lideranças de assentamentos, comunidades quilombolas, indígenas e movimentos negros.

Os primeiros debates já estão disponíveis no canal, com a participação de:

1. Joelson Ferreira  -Assentamento Terra Vista, em Arataca, BA

2. Jorge Rasta - Casa do Boneco, Itacaré, BA 

3. Hamilton Borges - da organização política quilombista Reaja ou será morta! Reaja ou será morto! - Salvador, BA

Acesse o canal no Youtube

#3. TV UFMG

A Quarentena Dos povos Indígenas

Na TV UFMG, esclarecedora entrevista com Érica Drumond, da Formação Intercultural de Professores Indígenas, e Ruben Caixeta de Queirós, do Departamento de Antropologia e Arqueologia, sobre o enfrentamento da pandemia pelas comunidades indígenas. 

Acesse no Instagram da TV UFMG

#Rede de Solidariedade
Faça parte da rede de solidariedade para que recursos emergenciais cheguem a quem precisa.

#1. Campanha de Apoio às

Famílias do Reinado de BH

Apoio às famílias do Reinado (conhecido como Congado), que preservam e difundem a cultura de seus antepassados.

Clique aqui para contribuir

#2. Redepoc BH

“Cuidar para proteger”

Distribuição de cestas básicas a mulheres trans, travestis trabalhadoras do sexo na região de BH.

Clique aqui para contribuir

#3. Povo Pataxó na Aldeia Naô Xohã

Foto de Alexandre Guzanche EM / D.A Press

Lideranças da aldeia Pataxó Naô Xohã, em São Joaquim de Bicas, na região Metropolitana de Belo Horizonte, pedem ajuda para enfrentarem não apenas a pandemia provocada pelo Novo Corona Vírus, que os impede de saírem para vender seu artesanato, como pela contaminação do Rio Paraopeba pela lama tóxica, com o rompimento da Barragem da Vale. 

Compra de cestas básicas, medicamentos, material de higienização e produtos de limpeza para 17 famílias indígenas da aldeia Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe, em São Joaquim de Bicas (MG).

Clique aqui para contribuir

#Amerek
Coletivo de 40 cientistas, jornalistas e divulgadores, alunos e professores do curso de Comunicação Pública da Ciência, na UFMG. O grupo está produzindo informações qualificadas sobre o coronavirus, em linguagem simples e clara. Aqui, vamos publicar dados e dicas do Amerek, para nos auxiliar no combate à pandemia.

Mapa Corona nas Periferias

O Amerek indica a iniciativa do Instituto Marielle Franco e do "Favela em Pauta": um site que articula iniciativas de solidariedade nas comunidades periféricas do Brasil.

Cadastre sua ação no mapa

#Dica de quarentena

O que ver, ouvir, criar durante o afastamento social.

Se puder, fique em casa.

 

Vozes da Floresta

Ailton Krenak

O Le Monde Diplomatique Brasil iniciou a veiculação de uma série, realizada pela produtora Memória Viva, em que se contam as histórias de aliança dos povos da floresta, de Chico Mendes aos nossos dias. Acesse aqui o primeiro episódio da série com a entrevista de Ailton Krenak.

Acesse o canal no Youtube

#Cantos dos Saberes Tradicionais

Canto das Mestras Xakriabá

Lourdes Seixas Evarista

Dona Rosa Seixas Ferro Bezerra

Isabel Cavalcante Bezerra

Terra indígena Xakriabá 

São João das Missões, MG

Conheça outras produções dos Saberes Tradicionais

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