Ementa: Escuta, transcriação e edição dos saberes orais e incorporados abrem um campo de possibilidades de criação compartilhada que contribui para a necessária ampliação de um repertório bibliográfico historicamente eurocentrado. A fala de mestras e mestres de tradições afro-brasileiras e indígenas – cada qual com suas cadências e suas rítmicas, com seus encadeamentos, suas formas narrativas e figuras de linguagem – sugere alterações no âmbito da escrita, estas que não estão dadas a priori, mas surgem no trabalho mesmo de compartilhamento com estas mestras e estes mestres, no qual escrever se faz como escuta, leitura em voz alta, reescrita. Neste laboratório, pretendemos criar um espaço de edição compartilhado com mestras e mestres convidados, para com elas e eles (e suas encantarias) criar textos-terra-tempo-rios-folhas-bichos, visando publicações que possam se somar a uma bibliografia de viés contracolonial.
Aulas presenciais (60h):
20.8 – Aula com os professores parceiros
27.8 – Escuta, transcriação e escrita dos registros
3.9 – Escuta, transcriação e escrita dos registros
10.9 – Silvio da Siqueira (Seu Badu), no Quilombo do Mato do Tição. Realização de retrato audiovisual
17.9 – Cássia Cristina da Silva (Makota Kidoialê), na UFMG
24.9 – Isabel Casimira Gasparino, no Reino Treze de Maio
1.10 – Aula com os professores parceiros
8.10 – Silvio da Siqueira (Seu Badu), no Quilombo do Mato do Tição
22.10 – Cássia Cristina da Silva (Makota Kidoialê), no Manzo Ngunzo Kaiango
29.10 – Isabel Casimira Gasparino, na UFMG
5.11 – Aula com os professores parceiros
12.11 – Maria da Glória de Jesus, na UFMG
19.11 – Maria da Glória de Jesus, na UFMG
26.11 – Finalização dos textos, preparação da publicação
3.12 – Finalização dos textos, preparação da publicação
As demais 30h do laboratório serão dedicadas ao trabalho com os textos pelas e pelos estudantes.
A disciplina prevê ainda a gravação do retrato audiovisual com Mãe Glória de Oxum, da Casa de Cultura Lode Apara.
Mestras e Mestras:
Cássia Cristina da Silva (Makota Kidoiale, Manzo Ngunzo Kaiango, Belo Horizonte,
MG)
Makota Kidoiale é filha carnal de Mãe Efigênia Maria da Conceição (Mametu Muiandê), fundadora do Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango, comunidade tradicional de matriz africana de nação bantu localizada no bairro Santa Efigênia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Como militante, mulher negra, liderança quilombola e de terreiro de axé, ela tem experiência na articulação e mobilização de diferentes seguimentos representativos da população afro-descendente de Belo Horizonte – capoeira, Umbanda, Reinado, Candomblé, quilombos – em torno das lutas por igualdade racial, contra a intolerância religiosa e todas as formas de discriminação. É pesquisadora e mestra convidada do programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG.
Assistente: Joana Darc da Silva (Manzo Ngunzo Kaiango, Belo Horizonte, MG)
Isabel Casimira Gasparino (Reino Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, Belo
Horizonte, MG)
É herdeira da coroa de sua avó, Dona Maria Casimira, fundadora do Reino Treze de Maio, e de sua mãe Dona Isabel Casimira das Dores, ocupando hoje, o cargo de Rainha Conga das Guardas de Congo e Moçambique Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário e da Federação dos Congados do Estado de Minas Gerais. Co-diretora, com Junia Torres, do filme “A Rainha Nzinga Chegou”, é pesquisadora e mestra convidada do programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG.
Assistente: Reginaldo Casimiro Gasparino (Reino Treze de Maio de Nossa Senhora do
Rosário, Belo Horizonte, MG)
Maria da Glória de Jesus (Aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, BA)
A confirmar.
Dona Maria da Glória de Jesus é liderança indígena do povo Tupinambá da Serra do
Padeiro, uma das 22 aldeias da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. Ela é mãe de dez filhos, dentre os quais Cacique Babau e Glicéria Tupinambá,
importantes lideranças de seu povo. Junto dos seus, ela atua na luta pelos direitos de
uso e preservação da terra e das águas em sua comunidade. É pesquisadora e mestra
convidada do programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG.
Assistente: Laudiane Estrela Tupinambá (Aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, BA)
Silvio da Siqueira (Seu Badu, Quilombo do Mato do Tição, Jaboticatubas, MG)
Seu Badu nasceu em 1932 e vive no Quilombo do Mato do Tição, Jaboticatubas, MG. É mestre candombeiro, em encomendação das almas, folia de reis e, destacadamente, terapeuta no cultivo da agricultura livre de agrotóxicos, e na promoção da saúde com recursos tradicionais. Entre as terapias que aprendeu, pratica especialmente a homeopatia a base de micro-organismos eficientes ou de plantas (E. M.) e o diagnóstico por radiestesia. Cura plantas, animais e pessoas, preparando e aplicando remédios na base de folhas, cascas e raízes. É pesquisador e mestre convidado do programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG.
Assistente: Aparecida de Siqueira (Quilombo do Mato do Tição, Jaboticatubas, MG)
Professores parceiros:
André Brasil (DCS/Fafich/UFMG)
César Guimarães (DCS/Fafich/UFMG)
Carolina Fenatti (FALE/UFMG)
Ementa: Mestres e Mestras do povo Awá-Guajá
Os Awá Guajá são falantes de uma língua da família Tupi-Guarani, a língua Guajá, e
habitam, há cerca de 250 anos, nas regiões próximas de seus territórios atuais (Terra
Indígena Caru, Terra Indígena Awá, Terra Indígena Alto Turiaçu e Terra Indígena
Arariboia), localizados na Amazônia Oriental, especificamente, entre os vales dos rios
Pindaré e Gurupi, no estado do Maranhão. Todos os coletivos do povo Awá Guajá
somam cerca de 500 pessoas. Uma característica notável de sua organização social
tradicional é constituírem-se em pequenos grupos, com alta mobilidade territorial. Desta
forma, existem alguns coletivos em situação de “isolamento voluntário”, sabidamente,
um coletivo na Terra Indígena Arariboia, e o restante, a maior parte da população, em
situação de “recente contato” (iniciado oficialmente no início da década de1970).
Os mestres awá-guajá, condutores desta disciplina, provêm de duas aldeias localizadas
na Terra Indígena Caru, a aldeia Awá e a aldeia Tiracambu. Eles são “caciques”
(lideranças no trato com a sociedade nacional) e professores em suas próprias aldeias.
Todos são renomados cantores dos cantos rituais (que têm poder de conduzir os
cantores até os patamares celestes), bem como profundos conhecedores das histórias
antigas e atuais da tradição awá-guajá, suas mumu’ũha tea (histórias verdadeiras).
Cronograma
19 de agosto: Introdução Geral do Curso: bibliografia e dinâmica da disciplina (professores parceiros): 14:00 às 15:40
21 de agosto: Aula introdutória sobre o povo Awá-Guajá (professores parceiros): 14:00 às 15:30
26 de agosto: Aula introdutória sobre o povo Awá-Guajá (professores parceiros): 14:00 às 15:40
28 de agosto: Aula introdutória sobre o povo Awá-Guajá (professores parceiros): 14:00 às 15:30
4 de setembro: Entrega da primeira avaliação: resenha bibliográfica (25 pontos)
7 de outubro: Aula de canto e narrativa de mitos com os mestres Awá-Guajá: 14:00 às 15:40 hs
9 de outubro: Aula de canto e narrativa de mitos com os mestres Awá-Guajá: 14:00 às 15:40 hs
10 de outubro: Aula de canto e narrativa de mitos com os mestres Awá-Guajá: 18:00 às 22 hs
14 de outubro: Aula de canto e narrativa de mitos com os mestres Awá-Guajá: 14:00 às 15:40 hs
16 de outubro: Aula de avaliação com os professores parceiros sobre a apresentação dos Awá-Guajá: 14:00 às 15: 40 hs
21 de outubro: Entrega de trabalho: Relatório sobre o seminário de cantos e mitos apresentado pelos Awá Guajá (Valor: 25 pontos)
22 de novembro: Seminário com os Awá-Guajá no Forumdoc.Bh (audiovisual awá-guajá e guajajara): 14:00 às 18:00 hs
25 de novembro: Seminário com os Awá-Guajá no Forumdoc.Bh (audiovisual awá-guajá e guajajara): 14:00 às 16:00 hs
27 de novembro: Seminário com os Awá-Guajá no Forumdoc.Bh (audiovisual awá-guajá e guajajara): 14:00 às 16: 00 horas.
01 de dezembro: Entrega de trabalho: Relatório sobre o seminário de audiovisual apresentado pelos Awá Guajá (Valor: 25 pontos)
02 de dezembro: Avaliação final do curso com os professores parceiros:
04 de dezembro: Entrega do trabalho final do curso: Análise fílmica de uma obra realizada pelos Awá-Guajá, 25 pontos.
Mestres
Majakaty Awá Guajá (aldeia Tiracambu, Terra Indígena Caru)
Kamairu Awá Guajá (aldeia Tiracambu, Terra Indígena Caru)
Tatuxa’a Awá-Guaja (Aldeia Awá, Terra Indígena Caru)
Hajkaramuky Awá Guajá (Aldeia Awá, Terra Indígena Caru)
4 mestres indígenas aprendizes
Obs: não nos foi enviada uma mini-bio de cada mestre. Divulgamos no site uma espécie de bio coletiva que é quase a ementa.
Profs Parceirxs
Ruben Caixeta de Queiroz (DAA/FAFICH)
Eduardo Pires Rosse (DTGM, Escola de Música).
Pesquisadores colaboradores:
Renata Otto Diniz (Doutoranda em Antropologia, UnB)
Rodrigo Wallace (Doutorando em Comunicação, UFMG)
Ementa: O conectar com os encantados, aprendendo e dialogando com os não humanos – como pássaros e plantas. Compreender as cosmologias e cartografias do encantamento. Buscar alimento que alimenta corpo-mente-espírito com o saber cuidar, plantar, comer, curar, através de uma Agricultura Encantada sagrada do povo Xukuru, conectado com a espiritualidade e os rituais sagrados. Conviver com a florestania e os Direitos da Natureza.
Cronograma
08/09
De onde venho: a história de meu povo, as conquistas, a luta cotidiana.
09/09
Brincando com as palavras.
10/09
Aprender e ensinar com o não humano. A mestra planta, os mestres animais.
11/09
Trilha eco-encatada na Mata da Estação Ecológica.
12/09
Espiritualidade x Religião: toré ou ritual sagrado.
15/09
Preparação do Xarope.
Mestre
Iran Neves Ordonio é Xukuru de Ororubá, Guardião do terreiro Sagrado da Boa Vista, organizador do coletivo de agricultura tradicional xukuru Jupago Kreká, e administrador e curador do espaço multiuso xukuru Casa de Sementes Mãe Zenilda. Também é poeta, e contador de histórias. Iran conta em suas histórias suas experiencias de vida em encantamento, a partir de suas ações na sua missão de vida de regenerar as matas do Ororubá, casa dos espíritos encantados ancestrais do povo Xukuru. Recebeu em 2023 pelo coletivo Jupago Kreká o prêmio Lush Spring Prize, em Berlim/Alemanha, pelo trabalho com a cosmonucleação regenerativa, o prêmio Dom Helder Câmara da Embrapa, de sistemas agrícolas tradicionais, valorizando os trabalhos com a cultura e os conhecimentos tradicionais indígenas de regeneração ambiental. Recetemente recebeu o prêmio de Guardião da sócio biodiversidade pela Ministério do Meio Ambiente. Possui graduação em Engenharia Agronômica, licencietura em Ciência Agrárias e mestrados me Ciência do Solo pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. Tem especialização em Gestão Territorial e ambienta em Terras Indígenas, PNGATI.
Profs Parceirxs
Luciana de Oliveira (DCS/Fafich)
Marcos Valença (IFPE/UFMG)
Ementa: A disciplina proporciona uma aproximação aos saberes tradicionais da Capoeira Angola, articulando sua dimensão intergeracional, sonoridade, ritualidade e movimentação como expressões de memória, resistência e organização comunitária. Em diálogo com práticas audiovisuais sensíveis, refletiremos sobre o cinema como gesto de escuta, co-presença e construção compartilhada de narrativas. A disciplina valoriza o respeito aos mestres, às temporalidades próprias dos saberes tradicionais e aos modos de vida ancestrais, buscando desenvolver práticas audiovisuais orientadas pela ética da escuta, pelo respeito às narrativas e experiências compartilhadas. Ao final, os estudantes produzirão pequenos experimentos audiovisuais em colaboração e diálogo com esses princípios.
Cronograma
Aulas presenciais com os mestres: Agosto ( 19,26); Setembro ( 2,9,16,23, 30); e Outubro (07),
carga horária extraclasse de trabalhos e rodas de capoeira públicas a ser definida ao longo
da disciplina.
Mestres
Mestre Jurandir
Jurandir Francisco do Nascimento é um dos pioneiros da Capoeira Angola em Belo Horizonte e completa, em 2025, 54 anos de trajetória dedicados à arte, cultura, musicalidade, movimento e ancestralidade da capoeira. Sua atuação é marcada pelo compromisso com a preservação das tradições afro-brasileiras e pela formação ética, corporal e política de novas gerações de capoeiristas. Fundador da Fundação Internacional de Capoeira Angola (FICA), criada em 1995, Mestre Jurandir desempenha papel fundamental na consolidação da FICA em Minas Gerais e na difusão da Capoeira Angola em contextos nacionais e internacionais. Ao longo de sua trajetória, ministrou oficinas, cursos e palestras em universidades, escolas, centros culturais e encontros de capoeira no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, tornando-se uma referência na transmissão dos fundamentos históricos e filosóficos da Capoeira Angola. Reconhecido por sua escuta atenta, generosidade no ensino e firmeza no jogo, Mestre Jurandir orienta e inspira capoeiristas comprometidos com a ancestralidade e com os princípios coletivos e rituais dessa expressão cultural. Sua contribuição ultrapassa a roda, alcançando os campos da educação, da cultura popular e da luta pelos direitos humanos.
Contramestre Thiago
Thiago Andrade Carvalho do Nascimento nasceu em Belo Horizonte, em 1986, e iniciou-se na Capoeira Angola aos quatro anos de idade com seu pai, Mestre Jurandir. Em 1997, passou a treinar também com Mestre Silvinho e Contramestre Günter. Em 2004, participou, ao lado de Mestre Silvinho, do Encontro Internacional de Capoeira Angola na Califórnia (EUA), onde permaneceu por cinco meses em intercâmbio. Ao retornar ao Brasil, passou a ministrar aulas de Capoeira Angola em diversos projetos sociais e instituições de ensino infantil, como Casa do Brincar, Creche Santo Tomás de Aquino, Escola Municipal Santa Terezinha, Bloco Oficina Tambolelê e Recanto do Menor. Em 2007, recebeu o título de Treinel (professor) no Encontro Internacional de Capoeira Angola no Rio de Janeiro, conferido pelos mestres Jurandir do Nascimento, Valmir Damasceno, Cobra Mansa e Rogério Teber. Em 2011, foi convidado a desenvolver um trabalho com crianças e adolescentes na comunidade de Tensta, em Estocolmo (Suécia), onde permaneceu por seis meses. Nesse período, ministrou oficinas em outros países europeus, como Rússia, Finlândia e Noruega, promovendo intercâmbios culturais com grupos de Capoeira Angola. Em 2019, durante o XXIII Encontro Internacional da FICA, realizado no Kilombo Tenondé, recebeu o título de Contramestre pelos mestres Jurandir Nascimento, Cobra Mansa e Valmir Damasceno. Atualmente, Contramestre Thiago Nascimento é vice-presidente da Fundação Internacional de Capoeira Angola em Belo Horizonte e atua também como cineasta, desenvolvendo conteúdos audiovisuais voltados para a capoeira, incluindo a cobertura de eventos, produções de ficção e documentários.
Profa. Parceira:
Maria Aparecida Moura (ECI)
Foto de Gabrieu Augusto de set de filmagens do projeto de extensão Memórias da Capoeira…
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