Aldeia Sangradouro, MT

Disciplina: Cinema e pensamento xavante (2016/2)

Divino começou a aprender sobre cinema em 1990, quando a comunidade Xavante de Sangradouro recebeu sua primeira câmera de filmagem (VHS), doada pelo Centro de Trabalho Indigenista (CTI) de São Paulo. Sua primeira atuação profissional na área foi como parte da equipe do Programa de Índio, série de TV realizada na Universidade Federal do Mato Grosso entre 1995 e 1996. Em 1997, Divino participou do primeiro encontro e oficina de formação de cineastas indígenas do Brasil, organizado pelo Vídeo nas Aldeias e realizado no Parque Indígena do Xingu. Já entre 2001 e 2002, por intermédio do Vídeo nas Aldeias, ele conseguiu uma vaga para estudar na Escola Internacional de Cinema de San António de Los Baños, em Cuba, onde se capacitou nas técnicas de edição, roteiro de documentário e ficção, animação, entre outras.

O primeiro filme de Divino é “Wapté Mnhõnõ: a iniciação do jovem xavante” (1999) e registra o Wapté, ritual de iniciação dos jovens xavante que marca a passagem da adolescência para a vida adulta. A seguir, ele realizou “Wai’a Rini: o poder do sonho” (2001), que também registra um ritual de iniciação, o Wai’a Rini. Divino também fez registros entre outros povos, como é o caso dos Makuxi de Raposa Serra do Sol (RO), tendo como resultado a reportagem “Vamos a luta!” (2002) sobre o processo de demarcação desta Terra Indígena. Entre os Xavante da aldeia São Marcos ele realizou “Daritizé: Aprendiz de curador” (2003), que também registra o Wai’a Rini, agora nesta comunidade. Já “Pi’õnhitsi: Mulheres Xavante sem nome” (2009) conta a triste história de sucessivas tentativas de realizar sem sucesso o ritual de nominação das mulheres xavante. Finalmente, o filme histórico “Tsõ’rehipãri: Sangradouro” (2009) trata do contato entre os Xavante e a Missão Salesiana e mostra as preocupações dos velhos Xavante com relação aos jovens que, segundo eles, não se interessam mais pelas danças e cantos tradicionais. Diversos dos filmes de Divino receberam prêmios em festivais de cinema nacionais e internacionais. Estes trabalhos, junto a sua trajetória pioneira no âmbito da realização cinematográfica indígena, têm sido objeto de estudo acadêmico, dando origem a teses e dissertações realizadas em diferentes instituições brasileiras.

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