Veja os 9 filmes que fazem parte da Série: Jardins do Sagrado.
Ao final dessa publicação, você também vai encontrar uma prévia do livro que publicamos com mestras e mestres que fizeram parte desse projeto, e um ensaio fotográfico feito também com eles.
Playlist com os 9 episódios no YouTube:

Programação
Mostra Jardins do Sagrado no YouTube
Quinta-feira | 06/06/2024 | 11h30
A mata é um pedaço de mim
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 63′

Sinopse
Diante da entrada da Mata da Baleia, Mam’etu Muiandê, matriarca do Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango, dá início a um ritual para pedir licença aos Inquices e nos levar a um terreiro de Umbanda no interior da floresta. Ela lança o Makaso – que se abre –, oferece cachaça e fumo, faz uma oferenda para Katendê, Inquice das folhas. Os animais vêm a receber. Ela nos conduz para o meio do mato, onde nos contará a sua história e a da sua Casa.
Quinta-feira | 13/06/2024 | 11h30
O caçador de uma flecha só
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 72′

Sinopse
O Babalorixá Sidney d’Oxóssi passeia pela Estação Ecológica da UFMG e encontra as plantas dos Orixás: uma árvore de Exu, a Jaqueira onde Oxóssi se alimentou, o Sangue Lavou de Xangô e o Peregun de Ogum e Oxóssi. A cada encontro, ele faz um canto de saudação. Ele conta a sua história e a do seu terreiro, e explica porque sem folha não há Orixá.
Quinta-feira | 20/06/2024 | 11h30
Cada árvore tem seu espírito
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 68′

Sinopse
Caminhando entre as árvores do Parque Lagoa do Nado, em Belo Horizonte, Darupü’üna, do povo indígena Tikuna, da Amazônia, nos ensina, entre cantos e rituais, que cada planta tem o seu espírito, e que é preciso ter o merecimento para ter acesso à cura oferecida pelas plantas.
Quinta-feira | 27/06/2024 | 11h30
O povo estrangeiro
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 55′

Sinopse
Em uma visita ao Parque Lagoa do Nado, em Belo Horizonte, Humbono Luiz, descendente do culto e iniciado no Rio de Janeiro por Humbono João de Oya, se emociona ao encontrar Azanadô (a paineira), Vodum que é a origem de tudo. A seus pés mora Adangbé, a serpente que engole o próprio rabo, o fim e o princípio. Ele fala de sua iniciação no candomblé do povo estrangeiro, o Jeje, canta e coleta as folhas sagradas
Quinta-feira | 04/07/2024 | 11h30
A cobra protetora das pedras brancas
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 42′

Sinopse
A “cobra protetora das pedras brancas” é a tradução do nome de Toá Canynã, do povo Pankararu, no Vale do Jequitinhonha. Ao lado da água que corre, ela convoca os Encantados com seu maracá e nos conta a história do seu povo, que surgiu das cavernas subterrâneas do rio São Francisco e veio atravessando o tempo, em defesa da natureza, do território e de todos os seres que o habitam, sejam animais, vegetais, minerais, humanos, não-humanos e entidades espirituais.
Quinta-feira | 11/07/2024 | 11h30
O jardim que surge
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 50′

Sinopse
Pai Ricardo, Zelador de Umbanda da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente, prepara uma oferenda sobre uma folha de chapéu de couro, regada a mel, no pé de uma árvore. Ele faz o Paó, saudando as entidades e pedindo licença. Ao apanhar as folhas e cantar para elas – encantando-as e sendo, por elas, encantado – ele nos conta que é preciso, não só construir um jardim de folhas sagradas, mas oferecer as condições para que ele surja.
Quinta-feira | 18/07/2024 | 11h30
Eu sou um ser vegetal
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 48′

Sinopse
A Yalorixá Ione Ty Oyáa, semente de sua matriarca, Vanda de Oliveira, nos recebe no Quilombo Mangueiras. Entre a maceração das folhas e os cantos para Oxalá, ela nos ensina a escutar o vento – que traz a voz dos ancestrais – e que nos diz se é hora de avançar na mata para apanhar as folhas sagradas ou se é hora de se recolher.
Quinta-feira | 25/07/2024 | 11h30h
O ancestral que voltou à sua aldeia
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 46′
Sinopse
A lâmina d’água reflete o corpo de Tat’etu Jalabo, que caminha entre as árvores do Parque das Águas. Ele conta como foi reconhecido em Angola como um ancestral que retornara à sua aldeia natal. Ele narra o mito de origem do universo, passando pelo Big Bang e pela origem de todos os Inquices, e também descreve o encontro entre as águas (Angorô) e as árvores (Katendê).
Quinta-feira | 01/08/2024 | 11h30
A Ecologia dos Orixás
César Guimarães | Pedro Aspahan | Saberes Tradicionais UFMG | 2024 | 34′

Sinopse
Iyá Ewé Angela Gomes, a “Cuidadora das Plantas”, adentra a mata do Parque das Mangabeiras, em Belo Horizonte, e, entre a pitangueira de Oxóssi e o riacho de Oxum, ela, que é filha de Lògún Edé, faz cantos e saudações às entidades ali presentes, enquanto fala sobre seu aprendizado da Ecologia dos Orixás.
Livro: Jardins do Sagrado

Organizadores
César Geraldo Guimarães
Flávio Henrique de Oliveira Santos
Maria Carolina Fenati
Este livro é parte do projeto Jardins do Sagrado: cultivando insabas que curam, realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte e pela Universidade Federal de Minas Gerais. Estão reunidos textos de mestras e mestres de comunidades tradicionais afro-brasileiras e indígenas, a saber: Babalorixá Sidney d’Oxóssi, Darupü’üna, Humbono Misiò Luiz Fernando, Mam’etu Muiandê, Pai Ricardo, Tat’etu Jalabo, Toá Canynã Pankararu, Iyá Ewé Angela Gomes, Yalorixá Ione Ty Oyá. Estes textos foram produzidos através de entrevistas, posteriormente transcritas e editadas. Para além dos textos, estão reunidos também fotografias das mestras e dos mestres, e breves textos da equipe.
SOBRE O LIVRO
por André Brasil
De um jardim se cuida. E, ao cuidar, se é cuidado. Jardins, no plural: há vários modos de cuidar e de ser cuidado. Que sejam jardins do sagrado nos leva além do que se vê (ou a outras formas do ver), ligando fazeres cotidianos a relações, também cotidianas, com inquices, orixás e encantados das tradições afro-indígenas no Brasil. Com sua seiva (seu sangue), as folhas são também vínculos: elas transportam e transformam a força vital que alimenta as existências e o que acontece entre elas.
A força e a precisão das palavras de mestras e mestres de comunidades tradicionais traçam relações que tecem os jardins do sagrado e que entretecem visível e invisível; ancestralidade, contemporaneidade e porvir; natureza e sociedade; cuidado com o vegetal e ética de vida em comunidade.
Esta publicação é também parte das ações que visam garantir, no espaço excludente da cidade, o cuidado com as folhas que sustentam a relação com o sagrado e os modos de vida de terreiros de axé, quilombos e comunidades indígenas. É, portanto, também sobre maneiras de resistir e persistir apesar da especulação imobiliária, das políticas públicas submissas a privilégios de classe, do racismo e da intolerância religiosa que estreitam os territórios onde praticam o sagrado. Estes, sabemos em contrapartida, são os que se mostram mais acolhedores e ciosos com a natureza. A exclusão de saberes e práticas tradicionais está na origem e na atualidade da cidade, mas existir nela, para as populações periféricas, depende da resiliência desses saberes e dessas práticas.
Nascidas do exercício de escuta e transcriação, as palavras deste livro vêm de longe, são saberes que se transmitem e se reinventam na experiência – um canteiro, um quintal, um espaço comunitário, um parque, uma mata, com folhas das quais se sabem o nome, o momento adequado de catá-las, os modos de encantá-las, os manejos e as receitas. São ainda palavras de reivindicação, para que esses modos de existência junto ao sagrado tenham direito e condições de serem cultivados na cidade. As palavras demandam uma escuta que reverbere em ações, no âmbito íntimo e também institucional.
Neste livro, as várias maneiras de vivenciar os jardins do sagrado têm sua origem e endereçamento no coletivo. Elas produzem coletividades: bichos, espíritos, gente, folhas, terra, água e vento. Essa trama de coletivos mais que humanos inventa possibilidades de reencantamento do espaço urbano, tão urgentes para a saúde das pessoas que moram nas cidades quanto generosamente praticadas pelas tradições afro-indígenas.
Retratos das mestras e dos mestres
por Dolores Orange
Os retratos que compõem este livro foram feitos em agosto de 2023, com a câmera Hasselblad 503cx e filmes Kodak Gold 200, na casa, no terreiro ou na aldeia de cada mestre.
01_ Tat’etu Jalabo | 02_ Mam’etu Muiandê | 03_ Toá Canynã Pankararu |
04_ Yalorixá Ione Ty Oyá | 05_ Babalorixá Sidney d’Oxóssi | 06_ Humbono Misiò Luiz Fernando |
07_ Darupü’üna | 08_ Iyá Ewé Angela Gomes | 09_ Pai Ricardo |
Leia um trecho do livro a seguir:
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