Concurso 1801 – Teoria e História do Cinema – EBA UFMG – Prova Didática
A experiência brasileira do Cinema de Animação
Plano de aula por Pedro Aspahan
Questão didática do presencial e do online e relação dialógica com os alunos
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Pioneiros da animação e os dois caminhos iniciais (experimental e industrial)
1906 – James Stuart Blackton (1906) – Humorous Phases of Funny Faces – primeira animação da história
1908 – Émile Cohl lançou Fantasmagorie – surrealismo – vanguardas francesas
1911 – Winsor McCay – EUA – Little Nemo in Slumberland – caráter narrativo e divertido – sátira do trabalho da animação – caráter mágico
A experiência brasileira do cinema de animação
Ver playlist no youtube:
Lista na wikipedia de filmes de animação realizados no Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_filmes_de_anima%C3%A7%C3%A3o_do_Brasil
1º momento – esforços individuais, inconstância, sem apoio e sem políticas de incentivo
início da animação no Brasil
1917 – O Kaiser – Álvaro Marins, Seth – Ele está perdido mas foi recriado pela Um Filmes a partir do fotograma que restou – contexto da I Guerra Mundial
Recriação coletiva de O Kaiser em diferentes técnicas: Luz Anima Ação 2013
1917 – Traquinices de Chiquinho e seu inseparável amigo Jagunço (1917) – Kirs Filme (sem crédito do autor)
1918 – As aventuras de Billie e Bolle – Empresa de Gilberto Rossi – animador Eugênio Fonseca Filho
os 3 primeiros filmes de animação brasileiros estão desaparecidos
1929 – Macaco feio, macaco bonito – de Luiz Seel e João Stamato
A experiência brasileira do Cinema de Animação – PROVA DIDÁTICA
1930 – Frivolitá – Luiz Seel – esteve perdida e foi restaurada em 2013 – interessante uso da música e do som já em 1930, no início do cinema sonoro A música que representa o sono e as outras inserções musicais e sonoras que dialogam com o estado de espírito da personagem preguiçosa e perturbam seu sono (a sinfonia de gatos no muro) – contexto modernista – casa
1939 – As aventuras de Virgulino – cearense Luiz Sá, radicado em São Paulo – uma cópia do filme foi vendida como sucata… tentou exibir para Walt Disney quando ele veio ao Brasil em 1941, mas o governo achou que o filme não estava à altura.
Primeiro desenhista modernista – ilustrador da revista Tico-Tico – Bonecos redondos
Doc sobre o Luis Sá – dirigido por Roberto Machado Junior – 1975
1953 – Sinfonia Amazônica – Anélio Lattini Filho – 1o longa de animação – Choro jabuti – Altamiro Carrilho – sucesso de bilheteria, mas foi roubado pelos donos dos cinemas que não repassaram os lucros pro autor… abandonou a animação e foi pra publicidade Fragmento:
Documentário incrível sobre o filme, mostrando todo o processo de trabalho de Anélio, em seus 6 anos e 500 mil desenhos
2o momento – anos de 1960 e 1970 – maior organização coletiva da animação e alguns nomes se destacam pelo esforço individual
Instituições de cinema de animação experimental como a Cerp (Ribeirão Preto), Ceca (1967), o grupo Fotograma, de onde saíram importantes nomes da animação brasileira, como Roberto Miller, Pedro Ernesto Stilpen, o Stil, Antônio Moreno, dentre outros.
Centro Experimental de Ribeirão Preto (Cerp) – Rubens Lucchetti e Bassano Vaccarini e Roberto Miller, que tinha voltado do Canadá – National Film Board, com Norman McLaren
Roberto Miller – pioneiro da animação abstrata e experimental no Brasil – enorme filmografia
1957 / 1989 – Desenho Abstrato nº 2
1961 – O Átomo Brincalhão
Um átomo é lançado ao espaço. Em órbita descobre que é uma figura alegre e brinca até desintegrar-se. Roberto Miller desenhou durante 3 anos diretamente sobre os fotogramas, utilizando 10 vidros de tinta plástica especial, 50 vidros de tinta nankin colorida e 500 metros de película virgem.
https://vimeo.com/channels/robertomiller
Pedro Ernesto Stilpen, o Stil – Grupo Photograma anos 1960
Filmografia organizada em:
Antônio Moreno (autor do primeiro livro sobre animação no Brasil)
homenagem feita a ele
anos de 1970
1971 – Presente de Natal – 2º longa – Álvaro Henrique Gonçalves – 6 anos, sozinho
1972 – Piconzé – Yppê Nakashima – 3º longa – 6 anos – 30 animadores japoneses – cenários com recortes
3º momento – anos de 1980 – Início de políticas públicas e a profissionalização da animação – reconhecimento internacional e parceria com o Canadá
1981 – Meow – Marcos Magalhães – premiado em Cannes (prêmio especial do júri)
Parceria do governo brasileiro com o Canadá – compra de um satélite canadense… Marcos Magalhães faz residência artística no National Film Board do Canadá com Norman McLaren.
1983 – Animando
Com a parceria com o Canadá há a criação do Centro Técnico Audiovisual (CTAV) para apoiar o desenvolvimento cinematográfico e oferecer formação e capacitação
Primeiro curso profissional de animação no Brasil com Marcos Magalhães animadores do National Film Board no CTAV. Dez animadores de diversas partes do país participaram e realizaram filmes como trabalhos finais.
Desde então a animação se expandiu, criando núcleos de produção em diversas partes do país, daí o curso de cinema de animação da EBA – UFMG.
A animação industrial nos anos de 1980 – o mercado de TV
Produções para TV – Exemplo de Maurício de Souza – 20 dos 50 filmes produzidos nos primeiros cem anos da animação do Brasil…
1982 – As aventuras da turma da Mônica – sucesso de bilheteria no cinema
Movimento da animação no nordeste nos anos de 1980, com o artista plástico e animador Chico Liberato na Bahia (dois longas) cultura popular e de cordel.
Chico Liberato – Bahia
https://www.chicoliberato.com.br/a-obra/
https://www.chicoliberato.com.br/secao/a-obra/arte-em-animacao/obra-individual/
1984 – Boi Aruá – primeiro longa nordestino de animação – técnicas relacionadas ao traço da xilogravura e da literatura de cordel https://www.chicoliberato.com.br/a-obra/arte-em-animacao/boi-arua-1/
Otto Guerra – Porto Alegre RS – animou personagens do Chiclete com Banana – animação adulta – obras dos anos de 1980 a 2020
http://www.ottodesenhos.com.br/
A cidade dos Piratas (Laerte)
https://www.vivoplay.com.br/details/movie/a-cidade-dos-piratas-7050561
4º momento – Anos 1990 – Crise do governo Collor com o fim da Embrafilme e a retomada com o digital e as novas políticas públicas e editais de fomento
1996 – Cassiopeia – Clóvis Vieira – primeiro longa de animação realizado inteiramente em sistema digital 3D no mundo, mas foi lançado meses após Toy Story da Pixar e não levou o título
1993 – Festival Anima Mundi – hoje um dos maiores festivais do mundo
https://www.instagram.com/animamundioficial/
“O festival teve como um dos seus principais desafios e metas revelar as múltiplas formas que a arte de animação poderia assumir. Dar acesso ao público brasileiro à riqueza formal, temática e plural da produção agora cada vez mais espalhada pelo planeta. Paralelamente, buscava-se também ampliar as possibilidades da produção nacional criando intercâmbios, referências, quebrando barreiras e promovendo a organização do setor”, diz César Coelho.
2002 – Festival Múmia – Mostra Udigrudi Mundial de Animação – Belo Horizonte, iniciativa do animador Sávio Leite
http://mostramumia.blogspot.com/p/catalogos-anteriores.html
Riqueza e diversidade da produção
5º momento – Anos 2000 – força do digital
2003 – ABCA – Associação Brasileira de Cinema de Animação – interferir nos editais – editais específicos para animação
Força da publicidade e da tv comercial com as animações digitais.
Computação gráfica – simplificação do processo de realização e barateamento
A partir, especialmente, de 2010: efervescência com o digital, tanto 2d quanto 3d, as políticas culturais, os editais de fomento, o crescimento dos festivais, revistas de cinema, crítica, formação especializada, canais de distribuição, seja via cinema, tv paga, série, internet, indústria de jogos, streaming como Netflix, mas também Embaúba Play e Itaú Cultural Play, dedicados ao cinema nacional, oficinas.
Novos modelos de negócios para o mercado da animação
Lei 12.485 – cota de exibição de conteúdo regional independente nas tvs pagas.
Séries – 50 séries brasileiras distribuídas em cerca de 100 países
Meu amigãozão
https://www.youtube.com/channel/UCi4Cx0ySG8b2ihxTCemiC7A
Historietas assombradas, O irmão de Jorel, Peixonauta e a pernambucana Mundo Bita.
Produções de extrema qualidade
Marco desse período é a animação de Alê Abreu, O menino e o mundo, de 2014, ganhador do festival de Annecy e indicado ao Oscar.
2013 – História de amor e fúria – 3D – Luiz Bolognesi
2014 – O menino e o mundo, Alê Abreu – distribuído em 85 países
Making off:
ver minuto 3:56 a 7:00 – técnica – misturas de técnicas e processamento digital
temáticas relacionadas ao meio ambiente e a vida nas grandes cidades – êxodo rural, temática típica brasileira
Festival Annecy 2018 – edição especial dedicada à animação brasileira com obras de mais de 300 diretores de animação
https://www.annecy.org/programme/index:plng-100001501901
Contexto contemporâneo da animação
Sávio Leite
Livro Diversidade da animação brasileira – organizado pelo Sávio Leite
https://www.mmarteproducoes.com/product-page/diversidade-na-anima%C3%A7%C3%A3o-brasileira
entrevista com Sávio Leite sobre o livro
Leite Filmes
http://leitefilmes.blogspot.com/
Canal no youtube:
https://www.youtube.com/user/leitefilmes/videos
2017 – Vênus: Filó a fadinha lésbica – Berlinale- texto Hilda Hilst
https://embaubaplay.com/catalogo/venus-filo-a-fadinha-lesbica/
Animação indígena
2019 – Mãtãnãg, a encantada, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho, é fruto de uma oficina de desenhos e animação coordenada por Charles Bicalho no território Maxakali, na Aldeia Verde, no município de Ladainha (MG).
Gustavo Caboco
https://caboco.tv/
2019 – Kanaukyba, de Gustavo Caboco
https://www.forumdoc.org.br/filmes/kanaukyba-kaminhos-da-pedra
Diversidade das produções por grupos autônomos e movimentos, LGBTQI+, indígena, negro, ocupação, oficinas, feminista, etc.
Referências Bibliográficas
BUCCINI, Marcos. Cem anos da animação brasileira. Revista Continente, Ed. 202, 2017.
LEITE, Sávio (org.). Diversidade na animação brasileira. Goiânia: MMarte Produções, 2018.
LUCENA JUNIOR, Alberto. A arte da animação: técnica e estética através da história. São Paulo: Senac, 2002.
MORENO, Antônio. A experiência brasileira no cinema de animação. Rio de Janeiro: Embrafilme, Artenova, 1978.