“A escola da reconquista” – Maria Muniz de Andrade (Mestra Mayá), Teia dos Povos, 2021.
Organização: Rosângela Pereira de Tugny; Prefácio: Joelson Ferreira e Solange Brito.
168 pp. e 24 canções em áudio.
A escola da reconquista reúne as memórias e as reflexões de Mestra Mayá em torno da luta travada junto ao seu povo para retornar ao território de seus ancestrais, lugar onde nasceu e de onde foi expulsa em sua infância.
Ela esteve em cada uma das 396 áreas retomadas pelos indígenas entre 1982 e 2012.
Os 54 mil hectares do território Caramuru Catarina Paraguassu, no sul da Bahia, estão hoje reconhecidos e demarcados.
Entre as lembranças dos massacres que arrancaram seu povo da terra, emerge a voz de dona Maria.
Em suas palavras e cantos, ganham contornos o sonho de sua mãe, retratada na capa do livro, e os sonhos de seus alunos – crianças, jovens e velhos que passaram por suas mãos num sem fim de escolas itinerantes feitas e refeitas durante o processo de luta.
Escutar os sonhos de quem veio antes, ouvir os Encantados e aprender com os povos em luta são os atos que fundam e sustentam sua prática pedagógica.
Ao contar a trajetória de como transformou-se em professora andarilha, dona Maria oferece palavras que fazem ecoar um modo de lutar e viver junto à terra.
Este livro, como ela mesma afirma ainda na introdução, é a prova de que “tem o índio ainda contando a história do que quer, como quer caminhar, como quer viver. Como quer estar nesse Brasil frustrado, arrasado. A gente ainda está aí”.
Leia também a orelha do livro, por Vanessa Tomaz (FE/UFMG, professora da Formação Intercultural de Educadores Indígenas – FIEI):
“A ‘escola da reconquista’ caminha sempre com seus alunos, de aldeia em aldeia, de retomada em retomada e trilhando esse caminho.
Nesse caminhar, a educadora Maria Muniz construiu um método historiográfico que permitiu a recomposição da memória e do tecido social de todo um povo que havia vivido separado por muitos anos em exílio de suas terras.
Utilizando seu método, que é autoral, certamente não apenas conferiu a cada retomada de terra pelos Pataxó Hã Hã Hãe um ato inaugural, mas uma forma de reunir as famílias étnicas a quem pertencia o território para que pudessem elaborar, ouvir e compartilhar suas histórias.
Nesse método, o caminhar e o escutar, se inicialmente pareciam apenas refletir a falta de espaço físico para a existência de uma escola, passaram a ser ferramentas fundamentais da pedagogia colocada em prática por essa Mestra, se tornando também o instrumento de afirmação do povo e do território Pataxó Hã hã Hãe.”
Acesse o livro no site da Teia dos Povos: